Conscientização em Segurança da Informação: Os desafios de despertar a participação ativa na segurança de uma corporação

Se você acompanha este blog há algum tempo deve ter percebido como os
casos de ciberataques, seguidos de vazamentos de informação
corporativa, aumentaram exponencialmente em 2015. A tendência é que essa
prática deve se manter em 2016.
A grande repercussão desses ataques tem despertado a atenção do
público em geral para a questão da segurança da informação. Mais e mais
empresas estão estabelecendo ou revendo suas estratégias e políticas
para proteger seus bens mais valiosos: decisões estratégicas, dados dos
seus funcionários, dados dos seus clientes e outras informações vitais.
Faça uma pesquisa sobre boas práticas de segurança da informação em
empresas. É possível afirmar que uma boa parte delas – senão a maioria –
irá considerar a conscientização de funcionários como um dos itens mais
importantes. As pessoas são responsáveis pela informação e, como tal,
devem estar “conscientes” do seu papel na proteção dessa informação.
A seguir vamos apresentar o conceito de Conscientização em Segurança
da Informação, e seu papel na criação de uma cultura de segurança nas
corporações.
Conceituando Conscientização
Você já se perguntou o que significa estar “consciente” de algo? Após
estudar uma série de definições para esse conceito, e aplicá-los à
Segurança da Informação,
o consultor Michael Santarcangelo definiu “Conscientização para a Segurança” como:
“A percepção individual das consequências de uma ação, aliada à habilidade de avaliar sua intenção e seu impacto”
Para ele, isso significa que a formação de uma consciência para a
segurança da informação é um passo anterior aos treinamentos em
segurança da informação e um estímulo à participação nesses
treinamentos.
“ O foco dos programas de Conscientização para a
Segurança é prover as pessoas de informação e experiências para
desenvolver uma consciência própria”, ou seja, uma percepção individual.
Em outubro de 2003, o Instituto Nacional de Padrões e Tecnologia dos
EUA (NIST, na sigla em inglês) publicou um documento chamado
“Building an Information Technology Security Awareness and Training Program”
em que busca definir as linhas gerais para a criação de programas de
Conscientização para a Segurança em órgãos do governo. Da mesma forma
que Santarcangelo, os autores entendem que a conscientização é um
processo que precede os treinamentos.
“A razão da conscientização é focar atenção na segurança.
Deve ajudar os indivíduos a reconhecer as preocupações da área de
segurança da informação e responder corretamente”.
Diferentemente de um treinamento, em que o participante é convidado a
ter um papel ativo, as atividades de conscientização servem para que a
pessoa tenha contato com o tema da segurança e sua importância. São
perenes, ou seja, são processos que devem ser constantemente avaliados e
renovados.
O
El Pescador
busca ativamente criar essa consciência em seus programas de
treinamento, expondo o colaborador a situações reais de ataque, de modo a
fazê-lo perceber a importância de todos na segurança da empresa. Além
disso, os conteúdos são constantemente revistos e atualizados de modo a
refletir a realidade com a maior fidelidade possível.
Conscientização para a Segurança é um ciclo que deve envolver todos os participantes de uma organização
“Uma corrente é tão forte quanto seu elo mais fraco”
A máxima, repetida à exaustão por profissionais de segurança, serve
para ilustrar a importância da participação de todos os envolvidos em
uma organização, quando o assunto é conscientização.
Segundo o documento do NIST:
“Conscientização para a Segurança e treinamentos devem
ser focados em toda a população da empresa […] deve começar mirando
todos os níveis da organização, incluindo profissionais de nível sênior e
gerentes executivos”.
Um artigo acadêmico que trata da
segurança da informação na área da educação
reforça essa ideia, e vai além ao propor que a criação de consciência
para a segurança é um ciclo, algo que deve estar em constante renovação
para responder aos novos desafios que enfrentamos cotidianamente.
“O mundo da segurança, seja pensando em violência
urbana ou em hackers, é peculiar. Ele é marcado pela evolução contínua,
no qual novos ataques têm como resposta novas formas de proteção, que
levam ao desenvolvimento de novas técnicas de ataques, de maneira que um
ciclo é formado. Não é por acaso que é no elo mais fraco da corrente
que os ataques acontecem.”
Críticas ao método
Criar consciência para a questão da segurança é uma forma de
assegurar que os elementos da organização entendem seu papel na proteção
das informações, e que compreendem a importância do constante preparo
para enfrentar desafios.
Mas existem autores que questionam a eficácia dessa estratégia. Um
deles aponta o aumento dos ataques cibernéticos como uma prova de que os
treinamentos seriam ineficazes.
“Quando até altos executivos de empresas são alvo de ataques de
phishing, isso não sugere que mesmo pessoas treinadas podem cair em
golpes?” A questão é pertinente, e será o tema de outro artigo a ser
publicado em breve.